"Nenhum objeto está numa relação constante com o prazer (Lacan, a propósito de Sade). Entretanto, para o escritor, esse objeto existe; não é a linguagem, é a língua, a língua materna. O escritor é alguém que brinca com o corpo da mãe (remeto a Pleynet, sobre Lautréamont e sobre Matisse): para o glorificar, para o embelezar, ou para o despedaçar, para o levar ao limite daquilo que, do corpo, pode ser reconhecido: eu iria a ponto de desfrutar de uma desfiguração da língua, e a opinião pública soltaria grandes gritos, pois ela não quer que se “desfigure a natureza”.
(BARTHES in: O prazer do texto. Ed. Perspectiva, 2008, p.46)
**Imagem: filme Nostalghia, direção de Andrei Tarkovski.**
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domingo, 26 de agosto de 2012
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Brincar deveria ser reconhecido como sinônimo de escrever; martírio, também. Nada define melhor o que leva alguém a escrever do que essa mistura de dor e brincadeira. Se bem que na escrita (e no trabalho duro que ela dá) não vejo glamour e, na maioria das vezes, qualquer tipo de reconhecimento. Será que sou masoquista? Adorei a citação!
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