sexta-feira, 17 de junho de 2016

escapa

Há algo de apavorante em ser tão pessoal e tão pública. Por instinto de preservação ou maneirismo, ela teme tornar-se demasiado visível. Cada vez mais refugia-se no enigma. Das mentiras, dos romances. Dirão que ela complica por gosto. Sim, sem dúvida é o que deseja. Na maior parte do tempo, vão atrás dela cegamente. Sem tentar compreender. A arte deslumbra. Ela escreve. Ela foge. Cada livro é uma escapada. Ele vive, no lugar dela, sua história maldita, proibida. Ele a torna suportável.

Frédérique Lebelley in: Marguerite Duras - uma vida por escrito. Ed. Scritta, p. 148.

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