O ausente
3. Acontece-me, por vezes, suportar bem a ausência. Estou então "normal": oriento a minha atitude pela de "toda a gente" que sofre a partida de uma "pessoa querida"; obedeço com habilidade ao treino que, desde muito cedo, me acostumou a estar separado da minha mãe - o que, no entanto, não deixou ao princípio de ser doloroso (para não dizer: de enlouquecer). Comporto-me como um sujeito bem desmamado: sei alimentar-me, enquanto espero, de outras coisas além do seio materno.
Essa ausência bem suportada não é senão o esquecimento. Sou, por intermitências, infiel. É a condição da minha sobrevivência; pois, se não esquecesse, morreria.
(Roland Barthes in: Fragmentos de um Discurso Amoroso)
Imagem: Ilse Bing.
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terça-feira, 13 de agosto de 2013
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suportar a ausência é a (não)condição da saudade.
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