segunda-feira, 29 de abril de 2013

domingo, 28 de abril de 2013

A literatura e o mundo



"Sujar-se na inconstância da vida, fazer da escrita um instrumento de escavação do real, não deixar que escape o vínculo difícil que une a literatura ao mundo. Apegar-se a ele, sempre".

(José Castello in: A literatura na poltrona)

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Não teria ficado finalmente apenas esse medo, o medo sem o amor?



"Ela segurava o volante, sentia-se segura de si e bela, dizia-se ainda: será mesmo o amor que a prende a Klima, ou apenas o medo de perdê-lo? E se esse medo fosse a princípio a forma ansiosa do amor, será que com o tempo, o amor (cansado e esgotado) não teria escapado de sua forma? Não teria ficado finalmente apenas esse medo, o medo sem o amor? E o que ficaria se esse medo desaparecesse?"

(Milan Kundera in: A valsa dos adeuses. Ed. Nova Fronteira, p. 211)

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quinta-feira, 25 de abril de 2013

pensamos em demasia



Tenho a certeza de que se pudéssemos pesar as palavras que formulamos efetivamente diante da presença real do outro e as palavras ditas a esta imagem representada, a balança tenderia inequivocamente para o lado do discurso interior.

Aulagnier, Piera. Os destinos do prazer: alienação, amor, paixão. Rio de Janeiro: Imago, 1985.

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quarta-feira, 24 de abril de 2013

das caravelas e dos mares



"(...) e ela sentiu toda a sua natureza inclinar-se como uma caravela numa ventania, a atravessar num disparo fervilhante os mares desconhecidos."

(Lawrence Durrel in: Livia ou enterrada viva. Ed. Nova Fronteira, p. 29)

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terça-feira, 23 de abril de 2013

dos fantasmas



"(...) o fantasma ajuda a passar qualquer tempo de vigília ou de insônia; é um romancinho de bolso que a gente leva sempre consigo e que se pode abrir em qualquer lugar, sem que ninguém dê por isso, no trem, no café, esperando um encontro."

(Roland Barthes por Roland Barthes. Ed. Cultrix, p. 94)

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quinta-feira, 18 de abril de 2013

absolvido, mas amargo



"Nesse ponto (...) pára de contar e revisita o tribunal de uma lembrança de onde retorna absolvido, mas amargo."

Marçal Aquino in: Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. Ed. Companhia Das Letras)

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quarta-feira, 17 de abril de 2013

uma história temperada com sofrimento e resignação



"É uma boa história para ser relatada, uma história temperada com sofrimento e resignação. Um amor de servidão. No fundo, um sacrifício tão patético quanto inútil."

(Marçal Aquino in: Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. Ed. Companhia Das Letras)

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terça-feira, 16 de abril de 2013

Das madeleines


"Eu associava o cheiro pungente daquele porão mofado aos tempos de menino e à descoberta das emoções do corpo (...) Passou também a me lembrar o dia em que tomei a decisão de me tornar fotógrafo. Cada um tem a madeleine que merece."

(Marçal Aquino in: Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. Ed. Companhia Das Letras)

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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Mas não disse

"O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mas cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta. Isso eu poderia ter dito a ela. Mas não disse."

(Marçal Aquino in: Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. Ed. Companhia Das Letras)

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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ele nada tem de solene. É exatamente a doçura.



Me abismo, sucumbo...

Assim, às vezes, a infelicidade ou a alegria desabem sobre mim, sem nenhum tumulto posterior: nenhum ou sofrimento: estou disposto, e não em pedaços; caio, escorro, derreto. Este pensamento levemente tocado, experimentado, tateado (como se tateia a água com o pé) pode voltar. Ele nada tem de solene. É exatamente a doçura.

Werther: “Nestes pensamentos, me abismo, sucumbo, sob a força dessas magníficas visões” (4). Eu a velei (...) Tudo sim, tudo desaparece diante dessa perspectiva, como tragado por um abismo”.

BARTHES, Roland in: Fragmentos de um discurso amoroso.

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terça-feira, 9 de abril de 2013

Assista, leia



https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=6LxAshVAR4Q

Em 01:08, é absolutamente lacaniano o que a geriatra Ana Cláudia Arantes, do Hospital Albert Einstein diz. O primeiro arrependimento - da lista dos cinco maiores - do vídeo "Gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim" é uma alegoria da ética da psicanálise/desejo. O trecho abaixo mostra bem isso... (Vanessa Souza)

"O que chamo ceder de seu desejo acompanha-se sempre no destino do sujeito – observarão isso em cada caso, reparem em sua dimensão – de alguma traição. Ou o sujeito trai sua via, se trai a si mesmo, e é sensível para si mesmo. Ou, mais simplesmente, tolera que alguém com quem ele se dedicou mais ou menos a alguma coisa tenha traído sua expectativa, não tenha feito com respeito a ele o que o pacto comportava, qualquer que seja o pacto, fausto ou nefasto, precário, de pouco alcance, ou até mesmo de revolta, ou mesmo de fuga, pouco importa.
Algo se desenrola em torno da traição, quando se a tolera, quando, impelido pela ideia do bem – quero dizer, do bem daquele que traiu nesse momento – se cede a ponto de diminuir suas próprias pretensões e, dizer-se – Pois bem, já que é assim, renunciemos à nossa perspectiva, nem um nem outro, mas certamente não eu, não somos melhores, entremos na via costumeira. Aqui, vocês podem estar certos de que se reencontra a estrutura que se chama ceder de seu desejo.
Transposto esse limite, em que com um termo vinculei para vocês o desprezo pelo outro e por si mesmo, não há retorno. Pode-se tratar de reparar mas não de desfazer. Não é esse um fato de experiência que nos mostra que a psicanálise é capaz de nos fornecer uma bússola eficaz no campo da direção ética?"

(Jacques Lacan. O seminário, livro 7: a ética da psicanálise. Editora Jorge Zahar. 2008. Rio de Janeiro, p. 375)

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Promoção de “Meninas inventadas”


Promoção de “Meninas inventadas”

A escritora Ana Letícia Leal, autora de “Meninas inventadas” promove um concurso cultural com parceiros amigos.

É super simples. Basta responder, neste post (como comentário) a seguinte pergunta: “Como você se (re)inventou?” e curtir as páginas (se você já curtiu alguma delas, tudo bem)
http://www.facebook.com/meninasinventadas, http://www.facebook.com/EscritaFinaEdicoes,http://www.facebook.com/ceciliamurgeldrawings e http://www.facebook.com/pages/Vem-cá-Luísa/204858299604934.

No dia 04 de maio divulgaremos a melhor frase, escolhida pela escritora. O ganhador leva um exemplar autografado. Participem!

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Das buscas



"Existe, imanamente às pessoas que amamos, um sonho que nem sempre claramente discernirmos, mas buscamos. Minha fé em Bergotte, em Swann, me fizera amar Gilberte, minha fé em Gilbert le Mauvais me fizera amar a Sra. de Guermantes."

(Proust in: O tempo redescoberto. Ed. Globo, p.123)

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sexta-feira, 5 de abril de 2013

um metal mergulhado na mistura alterante



"(...) mas as pessoas, à medida que as vamos conhecendo, são como um metal mergulhado na mistura alterante, e vemo-las perderem pouco a pouco as suas qualidades (como às vezes seus defeitos)".

(Marcel Proust in: Em busca do tempo perdido vol. 4 - Sodoma e Gomorra. Tradução de Mario Quintana. Ed. Globo, p. 155)

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terça-feira, 2 de abril de 2013

E a verdade (...) não podia dizer que a conhecia.



"Me deixa conhecer. Isso tinha acontecido fazia tempo já. Quase um ano. E a verdade (...) não podia dizer que a conhecia. Nem que compreendia os terremotos que sacudiam seus subterrâneos. (...) Um tipo de felicidade tenso e ciclotímico."

(Marçal Aquino in: Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios. Companhia Das Letras)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

silêncio, e distância



"Você me desculpe esse silêncio tão longo, mas a convivência é feita também de silêncio, e distância."

(Carta de Fernando Sabino. Fernando Sabino e Clarice Lispector in: Cartas perto do coração. Ed. Record, p. 124)

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